quinta-feira, 10 de junho de 2010

Bonança


Não deixou os sapatos do lado de fora. Trouxe da rua os males que lhe afetaram esses dias. E meus erros, mais uma vez, nos calaram por algumas horas. “Já me acostumei”, ela disse. “Essas quedas duram apenas segundos.” O olhar muda, a voz também, mas insiste que está tudo normal, “o que está diferente?”, me desafia. Respostas restam apenas para perguntas alheias, nossa questão deixou pra responder depois. Sem correção. Entre um relâmpago e outro os olhos não piscaram e veio a sonolência. Foram momentos de tensão acumulados que me rebateram num nocaute. Olhos e gargantas secas, pra umidecer um jogo sem pretensão nenhuma, apenas a tensão quase que rotineira. Pode me culpar eternamente por não ser inócuo como prometi ser, sou seu diabo, eu sei, mas nunca foi minha intenção, acredite em mim. Bem vindos sejam os pensamentos ruins e sensações desagradáveis, esse momento de corrupção nunca foi tão propício pro seu crescimento desenfreado. O tempo está estranho. Quente e depois chuva. Se essas poças não nos afogarem ficarei feliz em ouvir que “depois da tempestade vem bonança”. Ela disse que é assim e usa exemplos. Se todos são assim, desculpe-me, mas eu não quero o igual, e para isso deixaria de lado meus planos. Por favor, faça-me acreditar que tudo isso é passageiro, porque não quero ser forçado a embarcar.

(Crédito da foto:
http://www.flickr.com/photos/fabricadesonhos/3159609253/)

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